Quem conhece a história do Mangue-Seco, Matinhos, Paraná...

|

...bem irá se familiarizar com a história do Conjunto Palmeira, Fortaleza, Ceará. Muitos moradores (trinta mil, pra ser mais exato) foram expulsos de suas casas na época da ditadura. O motivo: o capital, claro! A especulação imobiliária gerada em torno dessas moradias crescia à medida que o nordeste ia se tornando um pólo turístico: assim, as regiões próximas ao mar fora desapropriadas pelo poder publico. As pessoas não foram compradas; não foram convencidas; não foram ouvidas; não foram respeitadas. Foram, simplesmente, expulsas e levadas para uma outra região, com cento e tanto hectares. O motivo que os uniu (a expulsão) e o local onde foram unidos não eram as únicas coisas que comuns entre aqueles moradores. A falta de dinheiro também era comum naquela região – tornara-se, desde que nasceu, um deserto econômico.

As semelhanças com o bairro matinhense findam aqui. O Conjunto Palmeira, nome do bairro donde foram alojados, possuía (e possuí!) um senso de organização muito além do tradicional. Em 1977 a população se mobiliza para lutar pela melhoria da saúde. “A partir de 1979 são abertas novas quadras e o Conjunto Palmeiras cresce aceleradamente. Tem início a luta da comunidade por água tratada e energia elétrica”. A Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira (ASMOCONP) elabora e registra seu estatuto e cria sua sede própria em 02 de Fevereiro de 1981. Em 1990, vinte e seis organizações populares já existiam no bairro. Em 1991 é criada a União das Associações e Grupos Organizados do Conjunto Palmeiras (UAGOCONP), bem como é definido um plano estratégico cujo objetivo era urbanizar o bairro nos próximos dez anos. Em 1997, depois de discussões ocorridas em um evento, os moradores chegaram a um consenso: mesmo já urbanizados, a pobreza alastrara-se.

A teoria do Momomo mostra-se correta: um deserto monetário não gera renda, afinal, lá não existe isso! Em 1998 acontece a maior revolução: surge uma instituição denominada de Banco Palmas... A missão? Eliminar aquele deserto; transformá-lo num oásis.

A revolução é um processo, e não um marco histórico. Fundou-se o Banco e iniciou-se a revolução que, claro, não acontecera simplesmente com a criação do Banco: apenas teve inicio um processo. As revoluções vivem de constantes evoluções: são um processo infinito. O atual estado da arte do Conjunto Palmeira evidencia que a revolução começou, e está evoluindo. Está ganhando contingente, fama, respeito, adeptos, críticos, fomento teórico, apoio legal, financeiro, técnico...evolui, enfim. E é evoluindo que se perpetua a revolução...E SÓ nesse processo de evolução perpétuo é que a revolução existe.

(CONFORMISMO JAMAIS!)

Um comentário:

Biota Subtropica Caiçara disse...

Bom saber de tudo isso, mas e aí? Pergunta que não quer calar: como mobilizar? Que percepção vocês vão trazer sobre como fazer isso? Como? Como? Como? A história deles tem esse como...

Postar um comentário