UNIVERSIDADE: A arte de se formar e JAMAIS se conrformar...

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Parafraseando aquele velho economista, lembro que o trabalho é a medida pela qual o homem se apodera da natureza. É através do trabalho que o modifica a natureza; e o faz, claro, porque a natureza externa lhe é desagradável. Por se sentir ameaçado, o homem modifica a natureza de maneira que passe a sentir a natureza interna bem. Ao modificar a natureza externa, acaba, por fim, modificando sua própria natureza interna.

O mais bonito desse pensamento, a meu ver, são as conclusões cabíveis sobre esta única afirmação: é através do trabalho que o homem modifica a natureza, sua realidade direta. Ou seja: o trabalho é uma ferramenta humana, usada pelo homem para modificar aquilo que não lhe faz bem.

Seis bilhões e trezentos mil humanos na terra: nenhuma humanidade. Se os glóbulos brancos destruíssem o próprio organismo humano, o que aconteceria com o homem? Morreria. Por sua vez, se os homens destroem outros humanos, o que acontece com a humanidade? É...

Os homens correm em direção à autodestruição. 20% da população vive em países desenvolvidos; menos de 2 sextos da população tem direito a consumir alem das necessidades básicas; metade da população mundial reside na pobreza; cinco por cento da população mais rica do planeta, consome 75% dos recursos da terra.

Como mudar esta realidade?

Muitas formas devem haver, claro. Incontáveis: existem tantas quantas o homem puder imaginar. Mas, como a mudança concretizar-se-á? Através do trabalho. Não se aja duvida.

O homem trabalha de essência, desde que largou os laços naturais e passou a viver em prol da primeira cultura, a da terra. O trabalho é o fim das trocas humanas: no unimos para trabalharmos em grupo, podendo, assim, suprir a necessidade da unidade.

Seu emprego, seu trabalho, seu bico. É assim que você interage no mundo. Ele te liberta das algemas do mundo capitalista, do mundo que causa essas desgraças. Somente trabalhando na mudança, é que ela acontece. Não adianta reclamar, chorar, se indignar, repassar emails sobre a desonestidade da política ou passeatas pela paz: conta o que você trabalha nesta vida. Uma top model, por mais que desfile o dia inteiro em cima de uma passarela; por mais que o Faustão repita “ó, louco, meu!” a tarde toda....por mais que se trabalhe e se dedique a trabalhos que não modificam ou melhoram esta realidade suja, da pobreza, miséria, fome, prostituição infantil, de guerras, de ostentação, de rivalidade, de raiva, de individualismo, de especialização....por mais que se faça muito bem a profissão de jogador de futebol, de artista da globo, médicos particulares, policiais e militares...Como melhoram a vida das pessoas distantes do seu consultório? De sua farda?

Como trabalhar e ser humano?!

Trabalhando pelos humanos. Afinal, o trabalho é a medida pela qual a gente modifica a realidade. Essa realidade suja...que incomoda a todos os seres humanos....

......................................Seu emprego é sua única chance de revolução.........................

HUMANOS DEMASIADO HUMANOS

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Nietzsche na sua reflexão filosófica propõe um questionamento profundo sobre os valores e sua gênese. Afinal, qual a origem dos valores? Como se procedeu sua formulações? No que se refere à educação, o filósofo reflete sobre três tipos de egoísmo que a educação na sua época estava conduzindo: egoísmo que denomina dos comerciantes, espírito do capital que não faz nada sem atingir seus objetivos; egoísmo do Estado que procura uma certa igualdade dos fracos, “uma igualdade de pessoas menores totalmente dominadas pelas determinações dos partidos, dos governos, enfim da burocracia”.(SEVERINO, Antonio Joaquim:2008) e o terceiro egoísmo seria o da ciência, onde se confunde a cultura apenas como avanço do progresso científico.

Quando reflete especificamente sobre os valores sua instigante proposta é de estabelecer a criação dos valores de forma humana e atribuição aos deuses para que os mesmos pudessem estar legitimados e tornando-se “divinos” ganham status de “inquestionáveis”. A crítica ao cristianismo realizada por Nietzsche porque o cristianismo teria enfatizado o lado fraco e extremamente submisso do espírito humano. Foram forjadas virtudes que poderiam em muitos ser questionadas em profundidade.

Ele procura entender o processo da genealogia da moral. O cristianismo em muito teria colaborado para possibilitar a educação de “ovelhas” em um rebanho e fáceis de serem manipuladas porque simplesmente obedecem. “Deus está morto!” é talvez uma constatação do filósofo e como pesquisador esses dias liguei a TV depois das 23 horas da noite e a impressão que tive apesar de vários programas abordarem temas religiosos é que talvez se exista um “deus” seja o dinheiro. Nenhum dos líderes religiosos deixou de abordá-lo quase como uma prova da fé no “Deus” “Real”.

Humanos demasiados humanos, os valores! E justamente por serem humanos é que podemos constantemente estarmos refletindo sobre os mesmos e relaborando-os. O importante talvez seria resgatar a coerência da vivência religiosa: num país onde uma grande maioria se afirma cristão, outros “converteram-se ao Senhor”, mas ainda há pessoas que passam fome porque não há um mínimo garantido a todos. Não dizemos aqui em mais tantas bolsas, mas numa promoção humana real que conduza pessoas a um processo de dignidade humana e independência.

Portanto, o niilismo decorrente da reflexão da origem dos valores nos instiga a pensarmos não na pura destruição de valores e sim numa investigação da origem dos mesmos e na formulação de novos valores, mostrando assim que os mesmos justamente porque foram criados humanamente podem ser novamente reformulados. Falando assim, um dia desses um acadêmico me perguntou: “afinal, o que existe de realidade, de fato?”, estou pensando... mas para Nietzsche não há fatos, apenas interpretações...

Fábio Antonio Gabriel
fabio.gabriel@brturbo.com.br 

CANÇÃO AMIGA

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Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças. 

Carlos Drummond de Andrade

"Quem ensina, aprende ensinando. E quem aprende, ensina aprendendo"

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“E aí, cara! Sobrevivendo?”. Assim, Joaquim Melo, presidente da ASMOCONP e do Instituto Palmas me cumprimenta, toda vez que me vê. Voz calma e em tom simpático, sempre sorridente e ativo; desta mesma forma, o vi ontem, durante o FECOL. Uma das discussões mais atuais no âmbito do Fórum Nacional (economia solidária), diz respeito a isso: o que é um banco comunitário? O FECOL é, por isso, uma das interações culturais mais incríveis que já presenciei na minha vida.

Tendo como missão criar laços humanos, envolver-se com a comunidade, valorizar os trabalhos locais, sociabilizar informações, ser ponto de encontro de lazer e política e muitas outras, o Fórum Econômico Local (FECOL) faz o que nenhuma instituição de ensino conseguiu fazer até hoje: elevar, no mesmo âmbito, seres humanos a um nível de união e igualdade ao qual a troca de saberes é mútua. Todas as quartas-feiras, por duas horas, das sete às nove, vários seres humanos, de vários lugares, representando o interesse próprio ou coletivo, reunem-se para discutir a situação de vida, e como melhorá-la. A vontade que o FECOL ocorra é tanta, por parte dos responsáveis, que, durante a semana, todas as pessoas associadas à ASMOCONP recebem telefonemas sendo lembradas da reunião semanal. Com uma média de 60 pessoas, as reuniões são agitadas, com muitas pautas e espaços diversos. A abertura dá-se com caldo (comida típica) e apresentações artísticas. Em duas semanas, presenciei duas bandas locais e uma contorcionista de 10 anos. Todos os três de qualidade inacreditável. As pessoas gostam de estar presentes; gostam de falar; de serem ouvidas; gostam de se sentir parte da humanidade. Alias, quem não gosta? E quem não faz?

Lá, por duas horas, acontece a mais perfeita humanidade. Falam estudantes, professores, guardas-noturnos, crianças, adultos, idosos, serventes, presidente, desempregados, empregados, instituições que visitam, pessoas que estão presentes...Uma verdadeira e legítima Interação Cultural e humanística, a qual levarei pra sempre nessa vida, como aprendizado. Desenvolvimento local mostra-se uma verdade pujante para mim: precisa-se gerar harmonia devagar; pessoa a pessoa, instituição por instituição, comércio a comércio...cidade por cidade...estado por estado...país por país...

Quando encontro o Joaquim e ele me faz essa mesma pergunta, com o mesmo tom amigável de sempre, logo penso: “sobrevivendo? Finalmente vivo!”


"AOS ESFARRAPADOS DO MUNDO,

E AOS QUE NELE SE DESCOBREM,

E, ASSIM, DESCOBRINDO-SE,

COM ELES SOFREM,

MAS, SOBRETUDO,

COM ELES LUTAM!!!"

"A boa moeda expulsa a má"

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"Propor e Agir" é algo fantástico, se pensar-se em sua essência. “Propor” gramaticamente já é bacana: um verbo transitivo direto. Quem propõe, afinal, propõe alguma coisa a alguém. Ele implica interação de pessoas, de seres humanos. É uma convenção de humanos das mais diferentes sociedades. Além disso, o verbo é forte em seu significado: Pôr ante alguém para que seja examinado; 2. Apresentar como alvitre, submeter à apreciação; 3. Oferecer.

Ora, em um momento de nossa vida acadêmica devemos, então, dar propostas de ações a serem oferecidas à sociedade humana. Muitos saem das universidades aprendendo isso: ler uma deficiência dessa sociedade, e como agir para ganhar dinheiro sanando esta. Há um erro nesta lógica: muitos seres humanos não possuem o dinheiro para dar-lhe em troca, mas precisam deste saneamento. Isto deve ser contemplando e lembrado, sempre, em nossas ações.

A universidade chegou em Matinhos. Usou suas casas, suas ruas. Mudou sua rotina. Incrementou alguns empreendimentos. Gerou conhecimento teórico durante o decorrer dos cursos. À comunidade, importam os resultados práticos. Mas apenas na última fase dos cursos é que se pode propor e agir. E, quando nesta fase, o que fazem os alunos? Propõem e agem?

Muitos sim. Não se há dúvidas. Mas, salvo aqueles que conseguem bolsas na universidade, quantos permanecem na cidade para poder propor e agir nela?!?!

Pouquíssimos!!

Pouco é aplicado na cidade, pouco é proposto como mudança sólida. À comunidade matinhense, ao final de cada curso restam pilhas e pilhas de folhas em um linguajar massivo e cientifico; padronizado e monótono.

A comunidade tem espaço para interagir: em um dia específico, diga-se de passagem. Num dia feito à interação cultural e humanística. Mas esse dia não atingiu ainda seu devido valor, não compreendido pela comunidade humana. Devemos valorizar estes espaços: são nossos símbolos de troca; nossas ferramentas culturais para propor e agir na comunidade humana matinhense.

Onde está o elo entre a comunidade acadêmica e a cientifica?

Anseiam-se, oras, então por que se compelem?

Por que agem tão dispersas, fragmentadas; como se houvesse um abismo entre elas?

Precisamos resgatar os valores humanos!!

A pergunta óbvia e substancial surge em um tom natural: “Como??”

Como resgatar os valores humanos?

Oras, simples: VALORANDO-OS!!!!